Investigações da BBC e de The Insider: Medias falsos e campanhas de desinformação dos serviços secretos russos no Ocidente.

Investigações da BBC e de The Insider: Medias falsos e campanhas de desinformação dos serviços secretos russos no Ocidente.

Está a ver as notícias da manifestação semanal em frente à embaixada russa em Lisboa. Hoje, 6 de julho, 14:30.

No dia 3 de julho, os jornalistas responsáveis pela verificação de factos da BBC Verify e da BBC News revelaram quem está atras dos fake news criados para os americanos.

Milhares de noticias são criadas com recurso a inteligência artificial e publicados em dezenas de sítios Web com nomes muito "americanos". A maioria dos artigos nestes sítios baseia-se em notícias reais e é assinada com nomes de jornalistas inexistentes. Isto dá a impressão de que aqueles websites são fontes de notícias fidedignos, mas há histórias inventadas escondidas na grande quantidade de conteúdos. Para apoiar as histórias fabricadas são igualmente utilizados documentos falsos e vídeos falsificados do YouTube com pessoas que se fazem passar por "denunciantes" ou "jornalistas independentes."

Olena Zelenska, a esposa do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, é frequentemente visada, quer por alegadamente ter comprado um carro desportivo Bugatti com dinheiro da ajuda militar dos EUA, quer por alegadamente ter feito comentários racistas sobre empregados de uma joalharia em Nova Iorque.

Clint Watts, que dirige o Centro de Análise de Ameaças Digitais da Microsoft, diz que é agora muito mais comum lidar com o "branqueamento de informação", trata-se das publicações repetidas de fake news numa grande quantidade de notícias regulares, o que permite esconder a sua fonte original.
www.bbc.com/news/articles/c72ver6172do

A 4 de julho, The Insider revelou como o Serviço de Informações Externas da Rússia orquestra campanhas de desinformação no Ocidente. A partir do relatório encontrado na correspondência pirateada dos funcionários do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Federação Russa (SVR) responsáveis pela "guerra de informação" com o Ocidente, apresentado no Conselho da Federação em 2022, os jornalistas ficaram a saber que o canal Russia Today (RT), a Sputnik e os canais leais do Telegram não estão a corresponder às expectativas.

Também se tornou conhecida a sua estratégia: "Colocar em segmentos estrangeiros da Internet ... materiais alegadamente em nome de organizações públicas pró-Kiev, com novas exigências ... de natureza política, económica e social. Devido à frequência, intrusividade, forma agressiva e apresentação incorreta, é de esperar uma reação negativa do público-alvo."

Os jornalistas do The Insider encontraram na mesma correspondência referencias à um projeto, "machado de gelo", o cujo objetivo é desacreditar um banqueiro que patrocinou o Fundo Anti-Corupção e partiu para os Estados Unidos.
theins.ru/politika/272852

Graffitis anti-semitas em Paris, citações falsas de Beyoncé, Oprah Winfrey, Ronaldo a exigir o fim da ajuda à Ucrânia, um deepfake da voz falsa de Tom Cruise a assustar com ataques terroristas nos Jogos Olímpicos, que apareceu mais tarde, convergem com esta metodologia.
www.euronews.com/my-europe/2023/12/27/fact-check-did-celebrities-like-taylor-swift-and-cristiano-ronaldo-criticise-ukraine

Nota-se que há um apelo ativo à liberdade de expressão nos recursos pró-Kremlin. Ao mesmo tempo, vale a pena lembrar que as autoridades russas destruíram quase completamente o jornalismo independente no seu país. Desde março de 2023, têm sob custódia o jornalista do The Wall Street Journal Evan Gershkovich, que acusam de espionagem para a CIA. O seu julgamento teve início na semana passada num tribunal de Ekaterinburgo, onde poderá ser condenado a 20 anos de prisão. Em solidariedade com Evan, os seus colegas também rasparam a cabeça.
x.com/holodmedia/status/1808777869331488948

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