21 dezembro, 2024 às 14:30 na Embaixada da Russia (Rua Visconde de Santarém 71, Lisboa) haverá 🙋 90ª Manifestação semanal

🙋 87ª Manifestação semanal

30 novembro, 2024 ⏱ 14:30
Embaixada da Russia, 📍 Rua Visconde de Santarém 71, Lisboa

Holodomor de 1932-1933.

Na década de 1930, as exportações de cereais representavam 20% das receitas em divisas da URSS.
ru.m.wikipedia.org/wiki/%D0%97%D0%B5%D1%80%D0%BD%D0%BE%D0%B2%D0%BE%D0%B9_%D1%8D%D0%BA%D1%81%D0%BF%D0%BE%D1%80%D1%82_%D0%A1%D0%A1%D0%A1%D0%A0

Em 1930, 30% dos cereais cultivados foram retirados aos camponeses na Ucrânia, e 38% no Cáucaso do Norte. Em 1931, já foi confiscada quase metade dos cereais. No Cazaquistão, não foram retirados os cereais, mas o gado. As regiões do Volga, do Ural, da Sibéria e da Terra Negra Central também sofreram, embora as autoridades soviéticas tenham deixado batatas e cebolas aos camponeses. Em 1932, que foi um ano menos produtivo, o plano de produção de cereais foi aumentado em mais um terço. Nas explorações colectivas (colcoz) que não cumpriram o plano, foram confiscados todos os cereais, incluindo as sementes, e as reservas alimentares das famílias. Em consequência, a fome afectou os territórios com uma população de 30 a 50 milhões de pessoas.
www.bbc.com/russian/russia/2013/11/131119_golodomor_anniversary_definition

No tempo do czar, podia-se fugir para qualquer lado durante a fome. Sob Estaline, as tropas especiais foram utilizadas para impedir que todos fugissem das explorações agrícolas colectivas. Estaline exportou 13 milhões de toneladas de cereais em quatro anos, incluindo durante a fome. Se as autoridades soviéticas se tivessem recusado a exportar, poderiam ter sido alimentadas 25 a 30 milhões de pessoas, mas os camponeses falsamente declarados culpados de tudo.
novayagazeta.ru/articles/2008/06/02/37807-eksport-na-kostyah

O Ocidente sabia o que estava a acontecer na Ucrânia soviética. Houve tentativas de ajudar as pessoas famintas, mas a União Soviética recusou a ajuda exterior.
www.youtube.com/watch?v=T2eVpQKmwSA

Deuche Welle falou com uma testemunha ocular do Holodomor, Anna Domanskaya: “a minha tia trazia um pouco de farinha, diluía-a em água, ... e nós bebíamos essa água”.
www.youtube.com/watch?v=7nZ7y9xjae8

O documentário do canal “Suspilne Kultura” mostra as memórias da avó Ksenia: “Em 33, a fome era tão grande que havia pessoas que comiam os filhos”.
www.youtube.com/watch?v=NupPRCU2taQ

Para uma parte dos habitantes das aldeias, especialmente os mais desfavorecidos, a participação na coletivização forçada e nas pilhagens representava uma oportunidade de ascensão social. Além disso, se não forem eles, seriam outros, e depois quem recusou em participar, era a victima.
www.youtube.com/watch?v=hlZ20lC_1AA

Para se apoderar dos cereais, Estaline teve de acabar com a propriedade privada e obrigar que todos trabalhassem em explorações agrícolas colectivas do Estado, das quais as autoridades podiam retirar o que precisavam. Foram expropiadas 1,5 milhões de pessoas, das quais 850.000 foram deslocadas à força para outras zonas do país.
www.youtube.com/watch?v=yc-D5CFnwmI

Não há consenso sobre o número de vítimas do Holodomor, mas os números variam entre 3 e 16 milhões de vítimas na Ucrânia.
holodomormuseum.org.ua/ru/news/chyslo-zhertv-holodomora-henotsyda-v-ukrayne-pytaiutsia-yskusstvenno-pryumenshyt-uchenye/

O Livro Nacional Ucraniano da Memória das Vítimas do Holodomor de 1932-1933 conta 882.510 nomes e está a ser completado.
holodomormuseum.org.ua/hololomor/natsionalna-knyha-pam-iati-zhertv-holodomoru-1932-1933/

Milhões de pessoas morreram também noutras regiões. De acordo com os dados do recenseamento, havia menos 9 milhões de pessoas na URSS em 1937 do que em 1926. Os recenseadores foram fuzilados por Estaline como inimigos do povo.
novayagazeta.ru/articles/2008/06/02/37807-eksport-na-kostyah

Na URSS, foi proibido mencionar a memória das vítimas do Holodomor durante décadas. Em 1951, num manifestação em Nova Iorque para comemorar as vítimas da Grande Fome de 1932-1933, o autor do termo jurídico “genocídio”, Raphael Lemkin, professor da Universidade de Yale, classificou as ações da URSS contra os Ucranianos como “um exemplo clássico de genocídio”.
holodomormuseum.org.ua/ru/den-pamiaty-zhertv-holodomora/

Em 9 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU adoptou a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.
www.un.org/ru/documents/decl_conv/conventions/genocide.shtml

Muitos países e organizações internacionais reconheceram o Holodomor como um genocídio.
holodomormuseum.org.ua/ru/pryznanye-v-myre-holodomora-aktom-henotsyda/

Na Rússia, num novo manual de história, o regime de Estaline já não é considerado criminoso.
meduza.io/news/2023/08/21/v-rossiyskom-voenno-is

A história repete-se: as crimes recentes que tiveram lugar em Bucha e Irpen são semelhantes às que as autoridades soviéticas jà tinham feito antes.

Em 1991, a Rússia aprovou a Lei sobre a Reabilitação das Vítimas da Repressão Política, mas a prática de reabilitar as vítimas da coletivização forçada continua a ser instável. Em 2008, a Duma russa reconheceu a ligação entre a fome e a coletivização forçada. A grande maioria dos responsáveis pelos crimes mais graves do regime comunista ficou impune.
trjustice.ilpp.ru/chapter-6.html

Para que o erro não se repita, após a mudança de regime na Rússia, é necessário expurgar os serviços de segurança de Putin, abrir os arquivos tanto da época soviética como da atual, realizar investigações e julgar publicamente os criminosos. É imprescindível também falar publicamente e regularmente destes crimes e incentivar a criação de monumentos às vítimas. Também deveria haver punição para quem tentasse aprovar leis repressivas no futuro. A condenação do poder do PCUS pode ser utilizada para justificar uma revisão das medidas repressivas contra a resistência armada ao regime comunista e para reconhecer o direito à rebelião.

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